Tudo indica que Herodes
morreu meses depois da fuga do José para o Egito.
Arquelau, filho de Herodes
assumiu o trono, e se revelou, em pouco tempo, mais cruel do que o seu
pai. Arquelau optou por essa linha de conduta, para demonstrar que era filho
legítimo de Herodes. Tanto fez, que Cesar Augusto, em pouco tempo, o depôs,
substituindo-o por Pôncio Pilatos.
Como a volta de Jesus à terra de
Israel, coincide com a constatação da maldade de Arquelau, o que deve ter
levado algum tempo, desde a posse deste, é de se supor que tenham ficado no
Egito, por cerca de um ano e meio.
Nesse texto há uma mudança de
ritmo entre José e Deus.
José, que, até então, estava
caracterizado por uma obediência sem titubeio, tem medo de cumprir a orientação
recebida de Deus.
O que houve?
Perdeu, José, a confiança
absoluta que demonstrara nas orientações do Pai Nosso? Ou ganhou José uma nova
característica, nesse relacionamento com o Pai Nosso e com o Filho?
Quando o Pai Nosso mandou José
fugir, ficou claro que os dons, e a inteligência, que o próprio Pai, por sua
graça, lhe havia dado, estavam a ser evocados... E José, que os havia usado em
Belém, para, diante do inóspito, criar uma opção de conforto para Maria, passou
a usá-los no cuidado do filho.
José compreendeu que o Senhor nos
chama para uma obediência inteligente, onde o nosso clamor a Ele, sempre
necessário, é atendido tanto pela direção precisa, quanto pela participação da
gente, na solução da vida, a partir dos dons e talentos que Ele mesmo nos
concedeu.
E a gente de servo passa a
cooperador de Deus. O cooperador, mais do que saber o que quer o Pai, que ele
faça, sabe o que Deus está a realizar; então, a partir dessa sabedoria, faz o
que deve como deve, porque compreende o que está a ser feito por Deus.
Este movimento de José demonstra,
também, que ele assumiu o filho, não só por adoção, mas, por paternidade.
Na Trindade encontramos os
princípios da paternidade, da filidade e da maternidade.
Todos somos filhos ou filhas,
logo, somos chamados a vivenciar o princípio da filidade, isto é, a crescer na
graça e na sabedoria, diante de Deus e dos homens, e a aprender a confiar, a
obedecer e a decidir, sem perder a criancitude, ou seja, sem perder a fé, a
singeleza e a alegria de viver.
Claro, isso passa pela aplicação
dos princípios da maternidade e da paternidade.
Aos seres humanos do sexo
masculino, é dado a possibilidade de expressar o princípio da paternidade.
À paternidade cabe a provisão
material e emocional; a proteção e a segurança na sociedade e na história; e a
direção espiritual, ética e moral.
Nesse movimento José demonstra
que assumira, plenamente, a paternidade. Quase dá para imaginar ele falando ao
Pai: “Tenho medo de levar nosso filho para a Judéia, pois, pesquisei, e soube
que Arquelau é pior que Herodes, peço-lhe que considere a possibilidade de levarmos
o nosso filho para um lugar mais seguro.”
E o Pai Nosso concordou com José,
e lhe enviou orientação para levar a criança para a aldeia de Nazaré. Este
passo cumpre outra profecia, outra antecipação da história, por parte de Deus,
esta, porém, não resulta de determinação pura e simples, mas, é fruto da
parceria entre Deus Pai e o homem José, cooperador de Deus, portanto, resultado
de construção.
Deus, por sua graça, permite que
os seres humanos, alvos da história da redenção, que Ele, por definição,
administra, sejam, nessa condução, dEle cooperadores.
Fonte: Ariovaldo Ramos Blog
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