terça-feira, 30 de setembro de 2014

Liberdade no culto


Culto

Liberdade no culto

Ora, o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. (2 Coríntios 3:17)

Devido às nossas andanças por outras denominações e igrejas por não termos aqui a igreja que nos enviou, temos visto e vivido algumas experiências interessantes que nos tem feito refletir sobre alguns temas, um deles é  quanto ao culto ao Senhor.

É notório na igreja contemporânea um movimento por “liberdade” no culto, o que traduzimos por ser o ato de  se portar da forma como quiser durante alguns momentos.

Interessante também é o uso de alguns textos bíblicos para justificar essa “liberdade”, um deles é o texto que citei acima, principalmente em igreja onde existe uma ênfase da “ação” do Espírito Santo.

Este tema é bastante vasto e demandaria horas e páginas de estudo, mas gostaria de direcionar este artigo especificamente sobre o conceito de liberdade e algumas observações do dia-a-dia nos “cultos”.

Comecei a refletir sobre este tema após ouvir um dirigente ou pastor usar essa passagem da carta de Paulo aos coríntios para dizer que ao cantar uma determinada música o público estava muito parado e deveriam se mexer mais, afinal, há liberdade para isso. Vejam bem, não estou dizendo que não há liberdade para expressarmos o nosso louvor à Deus da forma como queremos. Mas importante saber é se de fato estamos cultuando à Deus e se de fato este ou aquele gesto ou ato está de fato demonstrando o nosso louvor, a nossa vida de adoração. Pior ficou quando o dirigente mostrou como deveria ser os gestos, normais até como o balançar dos braços, aí é claro que a maioria (mais de 90%) das pessoas o imitaram. 

Pensando então em liberdade, que liberdade é essa que o dirigente diz como deve ser feito, as pessoas fazem igualzinho, como robôs e ainda por cima são criticados pelo mesmo dirigente de forma sarcástica que não foi “aquela animação”, “...mas foi um começo” disse o dirigente, quanta liberdade hein!

O mesmo se repete inúmeras vezes em diversas igrejas, o que se diz ser liberdade na verdade é uma imitação dos gestos de um dirigente, ou frases de efeito, jargões, etc, como por exemplo aquela coisa de “diga para a pessoa do seu lado...” ou “dê um abraço na pessoa ao seu lado”, etc... Se não há unidade, amizade, entre os irmãos, então não serão estes atos que o farão e isso está longe de ser liberdade.

Aplicando então o texto usado pelo dirigente, busquei reler os demais versículos anteriores e posteriores, e fui mais abençoado ainda com eles, principalmente o verso 16 “Mas, quando se converterem ao Senhor, então o véu se tirará.”, glória a Deus, Nosso Senhor, pelo ministério do Espírito Santo que nos dá a liberdade de termos acesso à Ele, acesso este representado pelo véu do templo que se rasgou por ocasião da morte de Cristo (Mat. 27:51).

Então a liberdade de que trata o texto citado não se refere ao comportamento do culto, mas sim ao ministério da reconciliação (2 Cor. 5:18) e da santificação promovido pela presença do Espírito Santo naquele que se converte ao Senhor. Liberdade que antes era dada apenas àqueles que tinham a unção do Senhor no Antigo Testamento, que eram os reis e sacerdotes, unção esta também que se refere àqueles que tinham o Espírito Santo presentes nas suas vidas. Sendo assim, hoje todo o crente, ou seja, aqueles que se convertem ao Senhor tem o Espírito Santo, a unção, para ter livre acesso à Deus (Ef. 2:18).

Em outro aspecto, o apóstolo Paulo orienta o culto recomendando cuidado com a tal liberdade no culto, como em 1 Coríntios 8:9 que diz “Mas vede que essa liberdade não seja de alguma maneira escândalo para os fracos.” quando trata sobre o que se come. Apesar de tratar sobre a comida oferecida aos ídolos, o que Paulo deixa claro que não tem efeito algum mais sobre os participantes da Nova Aliança, devemos cuidar para que aqueles que ainda não tem esclarecimento sobre estas coisas não venha a se escandalizar, assim também devemos tomar cuidado para não usar dessa liberdade de forma irresponsável. No verso 40 do capitulo 14 o apóstolo deixa uma última orientação quanto ao culto “faça-se tudo decentemente e com ordem.”, será que é isso que encontramos quando todos estão orando em voz alta ao mesmo tempo, uns gritando mais lato que os outros, alguns falando em “línguas” sem intérpretes, e gente andando para todos os lados balbuciando palavras sem sentido, isso é ordem?

Quando vemos as orientações quanto à ministração do culto no Antigo Testamento dadas por Deus, vemos uma ordem extremamente rigorosa, uma coisa feita de forma racional, inteligível, que todos pudessem ouvir e aprender, cantar juntos uma só canção. Paulo também fala disso também nos versos 30 e 31 do capítulo 14, “uns depois dos outros” não tem nada de todo mundo junto como vimos em algumas igrejas. 

“Mas e a liberdade?” alguém pode questionar, não vemos nas escrituras que a liberdade é para se comportar da forma como quiser durante o culto à Deus, pelo contrário, quando estamos na presença de Deus, juntos com os irmãos, é para edificação do corpo, é preciso ordem, respeito, e sim liberdade para que todos possam expressar o que Deus tem feito na vida de cada um, afim de que o Senhor seja cultuado e adorado.

Além disso, a nossa expressão de louvor deve brotar de um coração sincero de um adorador, de uma vida de adoração. Às vezes batemos palma, levantamos as mãos, fazemos marchinhas, gestos, danças, ficamos em pé, porque todos estão fazendo ou porque a música ou os músicos pedem, isso está longe de ser liberdade, isso é  ser uma marionete do sistema.

Liberdade no culto é poder cultuar sem precisar alguém mandar, seja sentado, em pé, em silêncio, se tudo for feito com decência e ordem, então estaremos vivendo nossa liberdade de acordo com A Palavra, afinal, temos livre acesso à Deus, estamos no Santo dos Santos em todo momento, porque agora já convertidos ao Senhor, nós somos o templo, nós somos sacerdócio real, a habitação de Deus através do Espírito Santo que em nós habita, aleluia ao santo nome do Senhor.


Natanael Takeo

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